terça-feira, 5 de abril de 2011

LETRAS DE MÚSICAS


A força do amor
Composição : Cleberson Horsth - Ronaldo Bastos
Abriu minha visão
O jeito que o amor
Tocando o pé no chão
Alcança as estrelas
Tem poder
De mover as montanhas
Quando quer acontecer
Derruba as barreiras...
Para o amor
Não existem fronteiras
Tem a presa quando quer
Não tem hora de chegar
E não vai embora...
Chamou minha atenção
A força do amor
Que é livre pra voar
Durar para sempre
Quer voar
Navegar outros mares
Dá um tempo sem se ver
Mas não se separa
A saudade vem
Quando vê não tem volta
Mesmo quando eu quis morrer
De ciúme de você
Você me fez falta...
Sei!
Não é questão de aceitar
Sim!
Não sou mais um a negar
A gente não pode impedir
Se a vida cansou de ensinar
Sei que o amor nos dá asa
Mas volta prá casa...
Abriu minha visão
O jeito que o amor
Tocando o pé no chão
Alcança as estrelas
Tem poder
De mover as montanhas
Quando quer acontecer
Derruba as barreiras...
Para o amor
Não existem fronteiras
Tem a presa quando quer
Não tem hora de chegar
E não vai embora
Hum! Hum!...
Sei!
Não é questão de aceitar
Sim!
Não sou mais um a negar
A gente não pode impedir
Se a vida cansou de ensinar
Sei que o amor nos dá asa
Mas volta prá casa...
Sei!
Não é questão de aceitar
Sim!
Não há nada que eu possa fazer
A gente não pode impedir
Se a vida cansou de ensinar
Sei que o amor nos dá asa
Mas volta pra casa...
Mas volta pra casa!

Aparências
Composição : Cury - Fatha
Quantos anos já vividos, revividos, simplesmente por viver
Quantos erros cometidos tantas vezes, repetidos por nós dois
Quantas lágrimas sentidas e choradas
Quase sempre às escondidas, pra nenhum dos dois saber
Quantas dúvidas deixadas no momento, pra se resolver depois
Quantas vezes nós fingimos alegria, sem o coração sorrir
Quantas vezes nós deitamos lado, tão somente pra dormir
Quantas frases foram ditas com palavras
Desgastadas pelo tempo, por não ter o que dizer
Quantas vezes nós dissemos eu te amo,
Pra tentar sobreviver
Aparências, nada mais,
Sustentaram nossas vidas
Que apesar de mal vividas têm ainda
Uma esperança de poder viver
Quem sabe resbuscando essas mentiras
E vendo onde a verdade se escondeu
Se encontre ainda alguma chance de juntar
Você, o amor e eu




Planeta Água
Composição : Guilherme Arantes
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho e deságua
Na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas, vôo de trovão
E depois dormem tranqüilas
No leito dos lagos, no leito dos lagos
Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora, pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão
Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra, pro fundo da terra
Terra, planeta água!
Terra, planeta água!




A Montanha
Composição : Humberto Gessinger
Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer que um dia chego lá
Nem tão perto que eu possa acreditar que o dia já chegou
No alto da montanha, num arranha-céu
No alto da montanha, num arranha-céu
Se eu pudesse, ao menos te contar
o que se enxerga lá do alto
Com céu aberto, limpo e claro ou com os olhos fechados
Se eu pudesse, ao menos, te levar comigo lá
Pro alto da montanha, num arranha-céu
Pro alto da montanha, num arranha-céu
Sem final feliz ou infeliz...atores sem papel
No alto da montanha, à toa, ao léu
Nem tão longe, impossível
Nem tampouco lá... já, já
No alto da montanha, num arranha-céu
No alto da montanha, num arranha-céu
Sem final feliz ou infeliz...atores sem papel
No alto da montanha, num arranha-céu


Músicas da MPB - A (2ª parte)

Amor Barato

(Chico Buarque/Francis Hyme)

Eu queria ser um tipo de compositor
capaz de cantar nosso amor modesto
um tipo de amor que é de mendigar cafuné
que é pobre e às vezes nem é honesto
Pechincha de amor, mas que eu faço tanta questão
que se tiver precisão, eu furto
Vem cá meu amor, agüenta o teu cantador
me esquenta porque o cobertor é curto
Mas levo esse amor com o zelo de quem leva o andor
eu velo pelo meu amor que sonha
que, enfim, nosso amor, também pode ter seu valor
também é um tipo de flor
que nem outro tipo de flor
dum tipo que tem que não deve nada a ninguém
que dá mais que Maria-Sem-Vergonha
Eu queria ser um tipo de compositor
capaz de cantar nosso amor barato
Um tipo de amor que é esfarrapar e cerzir
que é de comer e cuspir no prato
Mas levo esse amor com o zelo de quem leva o andor
eu velo pelo meu amor que sonha
que, enfim, nosso amor, também pode ter seu valor
também é um tipo de flor
que nem outro tipo de flor
dum tipo que tem que não deve nada a ninguém
Que dá mais que Maria-Sem-Vergonha


Amor de Índio

(Beto Guedes/Ronaldo Bastos)

Tudo que move é sagrado
e remove as montanhas
com todo o cuidado, meu amor.
Enquanto a chama arder
todo dia te ver passar
tudo viver a teu lado
com arco da promessa
do azul pintado, pra durar.
Abelha fazendo o mel
vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
de sentir seu calor
e ser todo
Todo dia é de viver
para ser o que for
e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
e o fruto do trabalho
é mais que sagrado, meu amor.
A massa que faz o pão
vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
e alimenta de horizontes
o tempo acordado, de viver.
No inverno te proteger, no verão sair pra pescar
no outono te conheçer, primavera poder gostar
no estio me derreter
pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
de sentir seu calor e ser tudo.


O Amor e a Rosa

(Pernambuco/ Antônio Maria)

| Guarda a rosa que eu te dei    |b
| Esquece os males que eu te fiz |i
| A rosa vale mais que a tua dor |s

Se tudo passou, se o amor acabou
A rosa deve ficar
Num canto qualquer do teu coração
O amor reviverá

(|)


O Amor em Paz

(Tom Jobim/Vinícius de Moraes)

Eu amei,
E amei ai de mim muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você
A razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais,
Nunca mais
Porque o amor
É a coisa mais triste
Quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz


Amor I Love You

(Carlinhos Brown/Marisa Monte)

Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pra as paredes
Coisas do meu coração
Passeei no tempo
Caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão
É um espelho sem razão
Quer amor fique aqui

Meu peito agora dispara
Vivo em constante alegria
É o amor quem está aqui

Amor I love you (4x)

Declamado por Arnaldo Antunes (retirado de "Primo Basílio"- Eça de Queiroz, 1878):
Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que
lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor
amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido;
sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa
existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto
diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo
radioso de sensações!


Amor Perfeito

(Michael Sullivan/Paulo Massadas/Lincoln Olivetti/Róbson Jorge)

Fecho os olhos pra não ver passar o tempo
Sinto falta de você
Anjo bom, amor perfeito no meu peito
Sem você não sei viver

Vem, que eu conto os dias
Conto as horas pra ter ver
Eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você, sem você

Os segundos vão passando lentamente
Não tem hora pra chegar
Até quando te querendo, te amando
Coração quer te encontrar

Vem, que nos seus braços
Esse amor é uma canção
E eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você, sem você

Eu não vou saber me acostumar
Sem sua mão pra me acalmar
Sem seu olhar pra me entender
Sem seu carinho, amor, sem você

Vem me tirar da solidão
Fazer feliz meu coração
Já não importa quem errou
O que passou, passou, então vem, vem, vem, vem

Eu não vou saber me acostumar
Sem sua mão pra me acalmar
Sem seu olhar pra me entender
Sem seu carinho,amor, sem você

Vem me tirar da solidão
Fazer feliz meu coração
Já não importa quem errou
O que passou, passou, então

Vem, que eu conto os dias
Conto as horas pra ter ver
Eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você, sem você

Vem, que nos seus braços
Esse amor é uma canção
E eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você, sem você

Vem, vem, vem, vem,
Vem, vem, vem


Amor por Retribuição

(Leoni/George Israel)

Ovos quentes e café na cama
As suas lágrimas no meu pijama
Você não pode me cobrar
Pelo que deu de graça

Sempre inventando mais provas de amor
E só me abraça pra sentir o efeito
Acho que a sua inspiração
Está em livros de direito

Talvez eu tenha ganho mais que eu tenha dado
Mas contas de amor sempre dão errado
Você me lembra histórias do passado
E tudo mais pra eu me sentir culpado

Amor por retribuição
Você só pode estar de brincadeira
Pingüins em cima de geladeiras
Valem tanto quanto um beijo por compaixão

Ovos quentes e café na cama
Eu sei de tudo que você trama
Os mesmos truques de manhã
Você já não me engana

Não se importa em estar apaixonado
Só pensa em datas e compromissos
Seus beijos uma vez por mês
Não quero nada disso


Amor pra Recomeçar

(Frejat/Maurício Barros/Mauro Sta. Cecília)

Eu te desejo não parar tão cedo
Pois toda idade tem prazer e medo
E com os que erram feio e bastante
Que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste
Que seja por um dia e não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom
Mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda exista amor pra recomeçar
Pra recomeçar
Eu te desejo muitos amigos
Mas que em um você possa confiar
E que tenha até inimigos
Desejo que você ganhe dinheiro
Pois é preciso viver também
E que você diga a ele pelo menos uma vez
Quem é mesmo o dono de quem.


Amor que Vai

(Alceu Valença)

Amor que vai, amor que vem
Amor foge e vai embora
Amor que leva seus teréns
Pra não ter motivo de voltar
Amor que vai
Num cavalo alado chamado brisa
Amor que vem
Num galope rasgado na beira-mar
Amor maltrata, deseja
Amor comendo a maçã
Amor é pura incerteza
O que será o amanhã?


Um Amor, Um Lugar

(Herbert Vianna)

O meu amor é teu
O meu desejo é meu
O teu silêncio é um véu
O meu inferno é o céu
Pra quem não sente culpa de nada
E se não for, valeu
E se já for, adeus
O dia amanheceu
Levante as mãos para o céu
E agradeça se um dia encontrar
Um amor, um lugar pra sonhar
Pra que a dor possa sempre mostrar
Algo de bom
Eu ainda lembro o dia em que eu te encontrei
Eu ainda lembro como era fácil viver
Ainda lembro
Eu ainda lembro
Ainda lembro


Ana de Amsterdam

(Chico Buarque de Hollanda/Ruy Guerra)

Sou Ana do dique e das docas
Da compra, da venda, da troca de pernas
Dos braços, das bocas, do lixo, dos bichos, das fichas
Sou Ana das loucas
Até amanhã
Sou Ana
Da cama, da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam
Eu cruzei um oceano
Na esperança de casar
Fiz mil bocas pra Solano
Fui beijada por Gaspar
Sou Ana de cabo a tenente
Sou Ana de toda patente, das índias
Sou Ana do oriente, ocidente, acidente, gelada
Sou Ana, obrigada
Até amanhã, sou Ana
Do cabo, do raso, do rabo, dos ratos
Sou Ana de Amsterdam
Arrisquei muita braçada
Na esperança de outro mar
Hoje sou carta marcada
Hoje sou jogo de azar
Sou Ana de vinte minutos
Sou Ana da brasa dos brutos na coxa
Que apaga charutos
Sou Ana dos dentes rangendo
E dos olhos enxutos
Até amanhã, sou Ana
Das marcas, das macas, da vacas, das pratas
Sou Ana de Amsterdam


Ana Luiza

(Tom Jobim)

Supõe
Ana Luiza se a guarda cochila
Eu posso penetrar no castelo
E galgar a muralha de onde se divisa
O vale, os prados, os matos, os montes, as flores, as fontes
Luiza

Ana Luiza
Eu fiz esta canção pra você
Que pergunta
Precisa saber
Onde anda Luiza
Luiza
Luiza
Luiza
Por que me negas tanto assim a primavera ?
Se sabes que a última quimera
Existe no mundo de Ana Luiza
Primavera, Ana Luiza
Teus olhos
Em que lago, em que serra, em que mar se oculta ?
Escuta, Luiza
Na brisa uma
canção fala em você
E pergunta
Insiste em saber, onde anda Luiza
Luiza
Luiza
Luiza
Luiza
Eu te amo tanto
Quem há de resistir a todo encanto
Que existe, assiste, em Ana Luiza


Andaluz

(Beto Guedes/Ronaldo Bastos)

Noite estrelada
Na paisagem
Andaluz
Gente que vai
Chamar o seu povo
Pra ver o dia nascer
É motivo de festa
Só por ser a madrugada
Andaluz
De uma vez o som da guitarra
Transforma tudo em manhã
Girassóis, claridade
Se vê que o dia vai
Reluzir
Andaluz
Te traduzir por entre os sons
que esse dia traz
Chama
Dez mil anos atrás
E faz o futuro
Ser liberdade
Ser só o que se quer
Céu dos ciganos
Poeira da estrada
Andaluz
Em tudo a cara do novo
É maior
Que sempre se pode
Acordar e ver
Dia amanhece
Na paisagem
Andaluz


Andam Dizendo

(Tom Jobim/Vinícius de Moraes)

Andam dizendo na noite
Que eu já não te amo
Que eu saio na noite
E já não te chamo
Que eu ando talvez
Procurando outro amor

Mas ninguém sabe querida
O que é ter carinho
Que eu saio na noite
Mas fico sozinho
Bem perto da lua
Bem perto da dor

Perto da dor de saber
Que este céu não existe
E que tudo o que nasce
Tem sempre um fim triste
Até meu carinho
Até nosso amor.


Andança

(Edmundo Souto/Paulinho Tapajós/Danilo Caymmi)

Vim tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa
Vagando em verso eu vim
Vestido de cetim
Na mão direita rosas vou levar

Olha a lua mansa
A se derramar
Ao luar descansa
Meu caminhar
Meu olhar de festa se fez feliz
Lembrando a seresta que um dia eu fiz

Já me fiz a guerra
Por não saber
Que esta terra encerra
Meu bem querer
E jamais termina meu caminhar
Só o amor me ensina
Onde vou chegar

Rodei de roda andei
Dança da moda eu sei
Cansei de se sozinha
Verso encantado usei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei

No passo da estrada
Só faço andar
Tenho o meu amado a me acompanhar
Vim de longe léguas
Cantando eu vim
Vou não faça tréguas
Sou mesmo assim

Contracanto:
   Me leva amor
   Amor
   Me leva amor
   Por onde for quero ser seu par


Andar com Fé

(Gilberto Gil)

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Ô-ô
Num pedaço de pão
A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Ô-ô
Na luz, na escuridão
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Ô-ô
No calor do verão
A fé tá viva e sã
A fé também tá pra morrer
Ô-ô
Triste na solidão
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Ô-ô
A pé ou de avião
Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Ô-ô
Pelo sim, pelo não


Ando Meio Desligado

(Rita Lee)

Ando meio desligado,
Eu nem sinto meus pés no chão
Olho e não vejo nada,
Eu só penso se você me quer

Eu nem vejo a hora de te dizer
Aquilo tudo que eu decorei
E depois do beijo que eu já sonhei você vai sentir
Mas, por favor, não leve a mal
Eu só quero que você me queira
Não leve a mal ...


Andrea Doria

(Legião Urbana)

Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.

Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.

Não queria te ver assim --
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.

Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.

Eu sei -- é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.

Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
Como sei que tens também.


Angélica

(Miltinho/Chico Buarque)

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar

Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar

Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar


Angra dos Reis

(Legião Urbana)

Deixa, se fosse sempre assim quente
Deita aqui perto de mim
Tem dias em que tudo está em paz
E agora todos os dias são iguais

Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora que estou sozinho
Mas não venha me roubar

Vamos brincar perto da usina
Deixa pra lá, a angra é dos reis
Por que se explicar se não existe perigo?

Senti seu coração perfeito batendo à toa
E isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora que estou sozinho
mas não venha me roubar

Vai ver que não é nada disso
Vai ver que já não sei quem sou
Vai ver que nunca fui o mesmo
A culpa é toda sua e nunca foi
Mesmo se as estrelas começassem a cair
E a luz queimasse tudo ao redor
E fosse o fim chegando cedo
E você visse nosso corpo em chamas
Deixa pra lá.

Quando as estrelas começarem a cair
Me diz, me diz pra onde a gente vai fugir?


Anjo

(Roupa Nova)

Se você vê estrela demais
Lembre que um sonho não volta atrás
chega perto e diz
Anjo

Se você sente o corpo colar
Solte o seu medo bem devagar
Chega perto e diz
Anjo
Bem mais perto e diz
Anjo

Se uma coisa louca
Sai do seu olhar
Fique em silêncio
Deixe o amor entrar
Pra que tanta pressa de chegar
Se eu sei o jeito e o lugar.


Anjo Avesso

(Alceu Valença)

Safada era a cara do anjo
Que no quarto noturno pintou
No meu ouvido falou
Loucuras de amor
Pegou minha mão e saímos na troca de passos
Um beijo molhado escandalizado
Que até minha gata se escandalizou
E com um penacho de índio ele me coroou
Sou anjo avesso sou Tupã presente
Guerreiro sempre galho da semente
Do algodão do pau-brasil
Da serpentina que coloriu
Os olhos do cego a voz do anão
A vida e o meu coração de leão


Anjo Querubim

(Toinho de Limoeiro)

Fiz você pra mim meu brinquedo meu anjo querubim
meu segredo guardado só pra mim, meu amor mais louco
até de tanto amar fiz também algo pra gente ninar
uma criança pra gente adorar tudo num sufoco

E você já não gosta mais de mim
veio dizer que eu não soube dar amor
e achar que a vida é mesmo assim
cada um leva um baque sofredor

Meu baião, coração, arranque essa dor
do meu peito pra eu não chorar (bis)

Comprei sururu, camarão, fiz batida de caju
dancei rumba e até maracatu pra ti fazer feliz
fui até Natal, Salvador, Paraíba, Bacabal
e em Belém você quase passou mal e eu te fiz feliz


Anos Dourados

(Tom Jobim/Chico Buarque)

Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
É desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando eu me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais


Antene-Se

(Chico Science)

É só uma cabeça equilibrada em cima do corpo
Escutando o som das vitrolas, que vem de mocambos
Entulhados à beira do capibaribe
Na quarta pior cidade do mundo
Recife cidade do mangue
Incrustada na lama dos manguezais
Onde estão os homens caranguejos
Minha corda costuma sair de andada
No meio da rua, em cima de pontes
É só uma cabeça equilibrada em cima do corpo
Procurando antenar boas vibrações
Preocupando antenar boa diversão
Sou, sou, sou Mangueboy
Recife cidade do mangue
Onde a lama é a insurreição
Onde estão os homens caranguejos
Minha corda costuma sair de andada
No meio da rua, em cima de pontes
É só equilibrar sua cabeça em cima do corpo
Procure antenar boas vibrações
Procure antenar boa diversão
Sou, sou, sou Mangueboy!


Antonico

(Ismael Silva)

Ô Antonico
vou lhe pedir um favor
que só depende de sua boa vontade
É necessário uma viração pro Nestor
que está vivendo em grande dificuldade
ele está mesmo dançando na corda bamba
ele é aquele que na escola de samba
toca cuíca, toca surdo e tamborim
faça por ele como se fosse por mim.
Até macumba já fizeram pro rapaz
porque no samba ninguém faz o que ele faz.
Mas hei de vê - lo muito bem se Deus quiser
e agradeço pelo que você fizer


Anunciação

(Alceu Valença)

Na bruma leve das paixões que vem de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
no teu cavalo peito nu cabelo ao vento
E o sol quarando nossas roupas no varal
tu vens tu vens
eu já escuto os teus sinais

A voz do anjo sussurou no meu ouvido
e eu não duvido já escuto os teus sinas
que tuvirias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais
Tu vens tu vens


Ao Meu Redor

(Nando Reis)

Ao meu redor está deserto
você não está por perto
e ainda está tão perto
Dentro dessa geladeira, dentro da despensa e do fogão
Dentro da gaveta, dentro da garagem e no porão
Em todos os armários, nos vestidos, nos remédios, num botão
Por dentro das paredes, pelos quartos, pelos prédios e no portão
Até no que eu não enxergo
Até mesmo quando eu não quero
Eu não quero
Dentro da camisa, no sapato, no cigarro
na revista, na piscina, na janela, no carro ao lado
No som do rádio eu ouço a mesma coisa
o tempo inteiro, em fevereiro, em janeiro, em dezembro
Ao meu redor está deserto
Tudo que está por perto
ainda está tão perto


Ao que Vai Chegar

(Toquinho/Mutinho)

Voa, coração
A minha força te conduz
Que o sol de um novo amor
Em breve vai brilhar
Vara escuridão
Vai onde a noite esconde a luz
Clareia seu caminho e ascende seu olhar
Vai onde a aurora mora
E acorda um lindo dia
Colhe a mais bela flor
Que alguém já viu nascer
E não esqueça de trazer força e magia
O sonho e a fantasia
E a alegria de viver

Voa, coração
Que ele não deve demorar
E tanta coisa mais quero lhe oferecer
O brilho da paixão
Pede a uma estrela pra emprestar
E traga junto a fé
Num novo amanhecer
Convida as luas cheia, minguante e crescente
E de onde se planta a paz
Da paz quero a raiz
E uma casinha lá
Onde mora o sol poente
Pra finalmente a gente
Simplesmente ser feliz


Aos Nossos Filhos

(Ivan Lins/Vítor Martins)

Perdoem a cara amarrada
Perdoem a falta de abraço
Perdoem a falta de espaço
Os dias eram assim

Perdoem por tantos perigos
Perdoem a falta de abrigo
Perdoem a falta de amigos
Os dias eram assim

Perdoem a falta de folhas
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha
Os dias eram assim

E quando passarem a limpo
E quando cortarem os laços
E quando soltarem os cintos
Façam a festa por mim

E quando largarem a mágoa
E quando lavarem a alma
E quando lavarem a água
Lavem os olhos por mim

Quando brotarem as flores
Quando crescerem as matas
Quando colherem os frutos
Digam o gosto pra mim


Aos Pés da Cruz

(Marino Pinto/Zé Gonçalves)

Aos pés da Santa-Cruz
Você se ajoelhou
E em nome de Jesus
Um grande amor você jurou
Jurou, mas não cumpriu,
Fingiu e me enganou,
Pr'a mim você mentiu,
Pr'a Deus você pecou

O coração tem razões
Que a própria razão desconhece
Faz promessas e juras
Depois esquece
Seguindo este princípio
Você também prometeu,
Chegou até a jurar um grande amor
Mas depois esqueceu.


A Palo Seco

(Belchior)

Se você vier me perguntar por onde andei
no tempo em que você sonhava
de olhos abertos lhe direi
amigo eu me desesperava

Sei que assim falando pensas
que esse desespero é moda em '73
eu ando um pouco descontente
desesperadamente eu falo português

Tenho 25 anos de sonho e de sangue
e de América do Sul
Mas por força do meu destino
um tango argentino
me pega bem melhor que um blues

Sei que assim falando pensas
que esse desespero é moda em '73
eu quero é que esse canto torto feito faca
corte a carne de vocês


As Aparências Enganam

(Tunai/Sérgio Natureza)

As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam
Na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo
E depois não há nada que os apague
Se a combustão os persegue
As labaredas e as brasas
São o alimento, o veneno, o pão
O vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão
Sonhos vividos de conviver

As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam
Na geleira das paixões
Os corações viram gelo, e depois
Não há nada que os degele
Se a neve cobrindo a pele
Vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer
Não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer
Se não chorar sob o cobertor

As aparências enganam
Aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam
No outono, nas paixões
Os corações cortam lenha, e depois
Se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira
Ainda vive, transpira ali
Nos corpos juntos, na lareira
Na reticente primavera
No insistente perfume
De alguma coisa chamada amor


Apelo
 
(Vinicius de Moraes/Baden Powell)

Ah, meu amor não vá embora
Vê a vida como chora
Vê que triste esta canção
Eu te peço não te ausentes
Pois a dor que agora sentes
Só se esquece com o perdão

Ah, meu amor se tu soubesses
Da tristeza que há nas preces
Que a chorar te faço eu
Se tu soubesses num momento
Todo o arrependimento
Como tudo entristeceu

Se tu soubesses como é triste
Eu saber que tu partiste
Sem sequer dizer adeus
A meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus

A meu amado me perdoa
Pois embora ainda me doa
A tristeza que causei
Eu te suplico não destruas
Tantas coisas que são tuas
Por um mal que já paguei.


Apenas Mais Uma de Amor

(Lulu Santos)

Eu gosto tanto de você
que até prefiro esconder
deixa assim ficar subentendido
Como uma idéia
que existe na cabeça e não
tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho
tão bonito isso
de ser abstrato baby
a beleza é mesmo tão fulgás
É uma idéia que existe na cabeça e não
tem a menor pretensão de convencer

Pode até parecer fraqueza
pois que seja fraqueza então
a  alegria que me dá
isso faz sem eu dizer

Se amanhã
não for nada disso
caberá só a mim esquecer
o que eu ganho o que eu perco
ninguém precisa saber

Eu gosto tanto de você
que até prefiro esconder
deixa assim ficar subentendido
Como uma idéia
que existe na cabeça e não
tem a menor obrigação de acontecer

Pode até parecer fraqueza
pois que seja fraqueza então
a  alegria que me dá
isso faz sem eu dizer

Se amanhã
não for nada disso
caberá só a mim esquecer
eu digo vai doer
o que eu ganho o que eu perco
ninguém precisa saber
Eu acho
tão bonito isso
de ser abstrato baby
a beleza é mesmo tão fulgás
É uma idéia que existe na cabeça e não
tem a menor pretensão de convencer


Apenas Um Rapaz Latino-Americano

(Belchior)

Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior
mas trago de cabeça
Uma canção do rádio em que um antigo compositor, um baiano,
me dizia tudo é divino, tudo é maravilho
mas trago de cabeça uma canção do radio onde um antigo compositor baiano me dizia
tudo é divino
tudo é maravilhoso
tenho ouvido muitos discos
Conversando com pessoas
caminhando o meu caminho
papo, som dentro da
Noite e não tenho um amigo sequer
que inda acredite nisso, não
Tudo muda

Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior
Mas sei que tudo e proibido
aliás eu queria dizer que tudo é permitido
Até beijar você no escuro do cinema
quando ninguém nos vê (bis)

Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve correta, branca,
suave, muito limpa, muito leve, sons palavras são navalhas e
Eu não posso cantar como convém
sem querer ferir ninguém, mas não se preocupe meu amigo,
Com os horrores que eu lhe digo
isso é somente uma canção
A vida é diferente, quer dizer, a vida é muito pior e  
Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco
Por favor não me saque a arma no saloon
eu sou apenas um cantor
mas se depois de cantar você ainda quiser me atirar mate-me logo
a tarde as três, que a noite eu tenho um compromisso e não
posso faltar por causa de você (bis)

Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior
mas sei que nada é divino
nada é maravilhoso
nada é secreto, nada é misterioso
não, não, não, não


Apesar de Você

(Chico Buarque)

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal


Aprendendo a Jogar

(Guilherme Arantes)

Vivendo e aprendendo a jogar
Vivendo e aprendendo a jogar
Nem sempre ganhando
Nem sempre perdendo
Mas aprendendo a jogar

Água mole em pedra dura
Mais vale que dois voando
Se eu nascesse assim...pra lua
Não estaria trabalhando

Mas em casa de ferreiro
Quem com ferro se fere é bobo
Cria a fama, deita na cama
Quero ver o berreiro na hora do lobo

Quem tem amigo cachorro
Quer sarna pra se coçar
Boca fechada não entra besouro
Macaco que muito pula quer dançar


À Primeira Vista

(Chico César)

Quando não tinha nada eu quis
Quando tudo era ausência esperei
Quando tive frio tremi
Quando tive coragem liguei

Quando chegou carta abri
Quando ouvi Prince (salif keita) dancei
Quando o olho brilhou entendi
Quando criei asas voei

Quando me chamou eu vim
Quando dei por mim tava aqui
Quando lhe achei me perdi
Quando vi você me apaixonei


Aquarela

(Toquinho/Vinícius de Moraes/ G. Morra/ M. Fabrizio)

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando contornando
A imensa curva norte sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América à outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E se faco chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá


Aquarela Brasileira

(Silas de Oliveira)

Vejam essa maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela do Brasil em forma de aquarela
Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Irapuã
De Iracema e Tupã
E fiquei radiante de alegria
Quando cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
Das noites de magia, do candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipú
Assisti em Pernambuco
A festa do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza, arquitetura
Feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste, por todo o Centro-Oeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
No Rio dos sambas e batucadas
Dos malandros e mulatas
De requebros febris
Brasil, essas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emoldura em aquarela o meu Brasil


Aquarela do Brasil

(Ary Barroso)

Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de nosso senhor
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim
Ô, abre a cortina do passado
Tira preta do cerrado
Bota o rei Congo no congado
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

Deixa cantar de novo o trovador
À merencória luz da lua
Toda canção do meu amor (lararaía)
Quero ver essa dona caminhando
Pelo salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil, Brasil ô ô ô
Pra mim, pra mim

Brasil
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
E de olhar indiferente
O Brasil, verde que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil do meu amor
Terra de nosso senhor
Brasil, pra mim
Pra mim, brasil

Ô esse coqueiro que dá côco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar ô ô ô
Brasil, pra mim ô ô ô
Pra mim, Brasil

Ô, oi essas fontes murmurantes
Oi, onde eu mato a minha cede
E onde a lua vem brincar
Oi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil, pra mim
Pra mim, Brasil


Aquela Mulher

(Chico Buarque)

Se você quer mesmo saber
Por que ela ficou comigo
Eu digo que não sei
Se ela ainda tem seu endereço
Ou se lembra de você
Confesso que não perguntei

As nossas noites são
Feito oração na catedral
Não cuidamos do mundo
Um segundo sequer
Que noites de alucinação
Passo dentro daquela mulher
Com outros homens, ela só me diz
Que sempre se exibiu
E até fingiu sentir prazer
Mas nunca soube, antes de mim
Que o amor vai longe assim
Não foi você quem quis saber?


Aquele Abraço

(Gilberto Gil)

O Rio de Janeiro continua lindo
O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro, fevereiro e março
Alô, alô, Realengo - aquele abraço!
Alô, torcida do Flamengo - aquele abraço!
Chacrinha continua balançando a pança
E buzinando a moça e comandando a massa
E continua dando as ordens no terreiro
Alô, alô, seu Chacrinha - velho guerreiro
Alô, alô, Terezinha, Rio de Janeiro
Alô, alô, seu Chacrinha - velho palhaço
Alô, alô, Terezinha - aquele abraço!
Alô, moça da favela - aquele abraço!
Todo mundo da Portela - aquele abraço!
Todo mês de fevereiro - aquele passo!
Alô, Banda de Ipanema - aquele abraço!
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço
A Bahia já me deu régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu - aquele abraço!
Pra você que meu esqueceu - aquele abraço!
Alô, Rio de Janeiro - aquele abraço!
Todo o povo brasileiro - aquele abraço!


Aquele Frevo Axé

(Caetano Veloso/Cézar Mendes)

Que fazer?
Meu pensamento está preso àquele carnaval
Volto a pisar este chão
Enceno um drama banal
Tento refazer a trama
Mas o desfecho é igual

E você?
Será que canta calada aquele frevo axé
Que não me deixa dormir
Ou terá perdido a fé
No que ficou prometido
Sem nos falarmos sequer

Meu amor
Ando na praça vazia e espero o sol se por
Vejo o clarão se extinguir
Por trás da mão do poeta
Nosso amor não vai sumir
Veja onde a gente se achou
Estrelas já vão luzir
Na noite da baía preta
Queria tanto você aqui

Que fazer?...


Aqui e Agora

(Gilberto Gil)

O melhor lugar do mundo é aqui
E agora
O melhor lugar do mundo é aqui
E agora

Aqui, onde indefinido
Agora, que é quase quando
Quando ser leve ou pesado
Deixa de fazer sentido

Aqui, onde o olho mira
Agora, que o ouvido escuta
O tempo, que a voz não fala
Mas que o coração tributa

O melhor lugar do mundo é aqui
E agora
O melhor lugar do mundo é aqui
E agora

Aqui, onde a cor é clara
Agora, que é tudo escuro
Viver em Guadalajara
Dentro de um figo maduro

Aqui, longe, em Nova Deli
Agora, sete, oito ou nove
Sentir é questão de pele
Amor é tudo que move

O melhor lugar do mundo é aqui
E agora
O melhor lugar do mundo é aqui
E agora

Aqui perto passa um rio
Agora eu vi um lagarto
Morrer deve ser tão frio
Quanto na hora do parto

Aqui, fora de perigo
Agora, dentro de instantes
Depois de tudo que eu digo
Muito embora muito antes

O melhor lugar do mundo é aqui
E agora
O melhor lugar do mundo é aqui
E agora


Areia

(Waltinho/Sérgio Andrade)

Morena, me diz morena
Pra onde é que você foi
Com esses olhos de preguiça
E essa voz que me tonteia
Ô morena, deixa disso
Que eu não sou feito de areia
Ô morena o meu sangue
Quer correr em suas veias
Ô morena eu já lhe disse
Que eu não sou feito de areia
Areia, areia, areia, areia
Que o mar sacode
E a gente pisa, areia, areia
Morena, me diz morena
Porque não me olha mais
Será que você não lembra
Dos momentos da casinha
Que eu vivia em seus braços
Que você ainda era minha
Hoje eu vivo pensativo
E essa ausência me aperreia
Ô morena volte agora
Que eu não sou feito de areia


Areias Escaldantes

(Lulu Santos)

A caravana cruzando o deserto
Brilhando ao sol do Oriente Médio
Pelas areias escaldantes desse branco mar
Escuros beduínos são guerreiros mouros de sangue e paixão
Medo e mistério das trilhas no oásis do amor
A noite cai no deserto e nas tendas
A luz do fogo ilumina os corpos
De belas nuas dançarinas, são vulcões de mel
Perfume de aventura inundando o ar de emoção e calor
Luxo e luxúria nas noites do oásis do amor
A caravana do delírio se perdeu de mim
Sozinho no deserto me senti feliz e cantei para o céu
Em plena miragem da luz no meio do dia


Argila

(Carlinhos Brown)

Baiana Luanda nada Ruanda
Kinshaze manga banana
Vinha rindo e circulando
Sobre tudo o cobertor do teu olhar
E do teu olho de orvalho
Que era vidro se quedou
Vivendo em despedace
E o coração coador
Sorriu
Vexado de amargor e se pintou
Com a lama da lagoa pra à toa correr
Se for feito de argila
Seis enfeites te darei
Flores não andam em dúzia
Só foi uma que roubei
Sorriu
Vexado de amargor e se pintou
Com a lama da lagoa coa
Voa
Ê zuzuê ê zum zum zum ê zuezuê e zun
Ê zuzuê ê zum zum zum ê zuezuê e zun
Solidão anda de muda
Sei pra sempre te amarei
Procurei por essas curvas
Quem no tororó deixei


Argumento

(Paulinho da Viola)

Tá legal!
Tá legal, eu aceito o argumento,
Mas, não me altere o samba tanto assim,
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro, e de um tamborim.

Tá legal,
Sem preconceito ou mania de passado
Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar
Faça como o velho marinheiro
Que durante o nevoeiro, leva o barco devagar!
 

Arrastão

(Edu Lobo/Vinícius de Moraes)

Ê, tem jangada no mar
Ê, ê, ê, hoje tem arrastão
Ê, todo mundo pescar
Chega de sombra, João
Jovi
Olha o arrastão entrando no mar sem fim
É, meu irmão, me traz Iemanjá prá mim
Minha Santa Bárbara
Me abençoai
Quero me casar  com Janaína
Ê, puxa bem devagar
Ê, ê, ê, já vem vindo o arrastão
Ê, é a rainha do mar
Vem, vem na rede João
Prá mim
Valha-me meu Nosso Senhor do Bonfim
Nunca jamais se viu tanto peixe assim


Arte Longa

(Renato Rocha/Geraldo Azevedo)

O mundo é grande para os nossos desencontros
A arte é longa, vida breve fim
Mas como pode um mar tão grande
Caber num mundo pequenino assim

Meu violão não pesa muito
Carrega tantas canções
Fico pensando
Se um amor dos grandes
Pode habitar pequenos corações

Meu sapato carregado de distâncias
Meu chapéu cheio de sonhos sem fim
Fico pensando
Que por mais que eu ande
Eu não consigo me afastar de mim


Asa Branca

(Humberto Teixeira/Luiz Gonzaga/Zé Dantas)

Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu pergunte-ei, a Deus do céu, ai,
Porque tamanha judiação?

Qui braseiro, que fornalha,
Nem um pé de plantação,
Por falta d'água, perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão.

Inté mesmo asa branca,
Bateu asas do sertão
Então eu disse, adeus Rosinha,
Guarda contigo, meu coração.

Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva, caí de novo
P'ra mim vortá, ai, p'ro meu sertão.

Quando verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro, não chores, não viu,
Que eu voltarei, viu, meu coração.


Asa Morena

(Zé Caradípia)

Me faz pequena, asa morena
me alivia a dor
aliviando a dor que mata
me faz ser teu amor.

Me toma no crescer de um beijo muito louco
me implodindo aos poucos
no universo a desvendar a vastidão
do teu amor.

Me toma sem pensar num gesto muito forte
unindo o sul e o norte do meu corpo, frágil corpo
com a mais pura emoção.

Me toma no crescer de um beijo muito louco
me implodindo aos poucos
no universo a desvendar
a imensidão do teu amor.

Me faz pequena
Asa morena


À Sombra de um Jatobá

(Toquinho)

Raios de sol na varanda,
Verde cobrindo o jardim,
Poder sentir a vida espreguiçar...
Com o cheiro da madrugada,
Dama-da-noite, jasmim,
Olhar no céu estrelas pra contar...

Ter meus amigos comigo,
Quem amo me amando, sim,
Longe do amor de quem nos finge amar
  
|Ver na manhã de um domingo
|Meu filho sorrir pra mim
|Depois dormir à sombra de um jatobá...

Poucas coisas valem a pena,
O importante é ter prazer
Longe de mim a inveja e a maldade
Escondidas na vida!
Hoje estamos nós em cena
E não há tempo a perder...
Pois tudo acaba mesmo
Sempre em despedida!


Assim... Amém

(Waltinho/Sérgio Andrade)

Quem com ferro fere
Com ferro será ferido
Quem aqui fez mal
Do mesmo mal será punido
Se és filho de Deus
És dono de um paraiso
Não faças dele um inferno
Pra não vir um prejuízo
Hoje eu acordei distante
Das trevas que vaguei
E agora na luz confesso
O que eu fiz aqui paguei


Assim Caminha a Humanidade

(Lulu Santos/Spell)

Ainda vai levar um tempo
Pra fechar o que feriu por dentro
Natural que seja assim
Tanto pra você quanto pra mim
Ainda leva uma "cara"
Pra gente poder dar risada
Assim caminha a humanidade
Com passos de formiga e sem vontade

Não vou dizer que foi ruim
Também não foi tão bom assim
Não imagine que eu te quero mal
Apenas não te quero mais

Não te quero mais
Não mais
Nunca mais


Assum Preto

(Luiz Gonzaga)

Tudo em volta é só beleza
Sol de abril e a mata em flor
Mas Assum Preto cego dos oios
Num vendo a luz, ai, canta de dor

Talvez por ignorância
Por maldade bem pió
Furaro os oios do Assum Preto
Prá ele assim, ai, cantá mió

Assum Preto veve sorto
Mas não pode avoá
Mil vez a sina duma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá

Assum Preto meu cantá
É tão triste como o teu
Também robaro o meu amô
Que era a luz, ai, dos olhos meus


O Astronauta de Mármore

(Nenhum de Nós)

A lua inteira agora é um manto negro
O fim das vozes no meu rádio
São quatro ciclos no escuro deserto do céu.
Quero um machado pra quebrar o gelo
Quero acordar do sonho agora mesmo
Quero uma chance de tentar viver sem dor.
Sempre estar lá e ver ele voltar
Não era mais o mesmo mas estava em seu lugar
Sempre estar lá e ver ele voltar
O tolo teme a noite como a noite vai temer o fogo
Vou chorar sem medo
Vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul
A trajetória escapa o risco nu
As nuvens queimam o céu nariz azul
Desculpe, estranho, eu voltei mais puro do céu
A lua o lado escuro é sempre igual
No espaço escuro a solidão é tão normal
Desculpe, estranho, eu voltei mais puro do céu.
(refrão 2x)


Até o Fim

(Chico Buarque)

Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

Inda garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão, eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim

Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamão contou que eu faço um bruto sucesso
Em Quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim

Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, minha mula empacou
Mas vou até o fim

Não tem cigarro, acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim?
Eu já nem lembro pronde mesmo que vou
Mas vou até o fim

Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu tava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída minha estrada entortou
Mas vou até o fim


Até Quando?

(Gabriel O Pensador/Tiago Mocotó/Itaal Shur)

Não adianta olhar por céu, com muita fé e pouca luta.
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve, você pode, você deve, pode crer.
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver.
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer.
Até quando você vai ficar usando rédea?
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea? (Pobre, rico, ou classe média).
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura.
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura.

Até quando você vai levando?
(Porrada! Porrada!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando?
(Porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente, seu filho sem escola, seu velho tá sem dente.
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante, você tá sem emprego e a sua filha tá gestante.
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo, você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!

Refrão

A polícia matou o estudante, falou que era bandido, chamou de traficante.
A justiça prendeu o pé-rapado, soltou o deputado... e absolveu os PMs de vigário!

Refrão

A polícia só existe pra manter você na lei, lei do silêncio, lei do mais fraco: ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco.
A programação existe pra manter você na frente, na frente da TV, que é pra te entreter, que é pra você não ver que o porgramado é você.
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar.
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar.
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar.
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá.
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar.
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar.
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar.
Escola, esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda!
Não! Não!!

Refrão

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a mente muda a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura.
Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro!
Até quando você vai ficar levando porrada, até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai ficar de saco de pancada?
Até quando você vai levando?


Até Quando Esperar?

(Philippe Seabra/André X)

Não é nossa culpa
nascemos já com uma benção
mas isso não é desculpa
pela má distribuição

Com tanta riqueza por ai
onde é que esta, cadê sua fração?

Até quando esperar?

E cadê a esmola
que nos damos sem perceber
que aquele abençoado
poderia ter sido você

Até quando esperar?
A plebe ajoelhar esperando a ajuda de Deus

Posso, vigiar o seu carro, te pedir cigarro, engraxar o seu sapato?

Até quando esperar?
A plebe ajoelhar esperando a ajuda do divino Deus


Atiraste uma Pedra

(Herivelto Martins/David Nasser)

Atiraste uma pedra
No peito de quem
Só te fez
Tanto bem,
E quebraste um telhado
Perdeste um abrigo,
Feriste um amigo

Conseguiste magoar
Quem das mágoas te livrou
Atiraste uma pedra
Com as mãos que esta boca
Tantas vezes beijou

Quebraste um telhado
Que nas noites de frio
Te servia de abrigo
Feriste um amigo
Que os teus erros
Não viu
E o teu pranto enxugou

Mas, acima de tudo
Atiraste uma pedra
Turvando esta água
Essa água que um dia
Por estranha ironia
Tua sede matou
Atiraste uma pedra, no peito de quem...
Só te fez tanto bem


Atrás da Porta

(Chico Buarque/Francis Hime)

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei
Eu te estranhei, me debrucei
Sobre o teu corpo e duvidei
E me arrastei, e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés, ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Prá mostrar que inda sou tua
Até provar que inda sou tua


Atrás do Trio Elétrico

(Caetano Veloso)

Atrás do trio elétrico
Só não vai quem já morreu
Quem já botou pra rachar
Aprendeu que é do outro lado
Do lado de lá do lado
Que é lado lado, de lá 

O sol é seu, o som é meu
Quero morrer, quero morrer já
O som é seu, o sol é meu
Quero viver, quero viver lá
Nem quero saber se o diabo nasceu
Foi na Bahia, foi na Bahia
O trio eletro-sol rompeu no meio dia
No meio dia


Autonomia

(Cartola)

É impossível nesta primavera, eu sei
Impossível pois longe estarei
Mas pensando em nosso amor
Amor sincero
Ai, se eu tivesse autonomia
Se eu pudesse gritaria
Não vou, não quero

Escravizaram assim, um pobre coração
É necessária nova abolição
Pr'a trazer de volta a minha liberdade
Se eu pudesse gritaria, amor
Se eu pudesse brigaria, amor
Não vou, Não quero
(repete)


Ave-Maria no Morro

(Herivelto Martins)

Barracão,
De zinco, sem telhado,
Sem pintura, lá no morro
Barracão é Bangalô
Lá não existe felicidade de arranha-céu
Pois quem mora lá no morro
Já vive pertinho do céu!

Tem alvorada,
Tem passarada,
Alvorecer,
Sinfonia de pardais
Anunciando o anoitecer

E o morro inteiro
No fim do dia
Reza uma prece
Ave-Maria...Ave-Maria..Ave
E quando o morro escurece
Eleva a Deus outra prece
Ave-Maria


Aviso aos Navegantes

(Lulu Santos)

Se existe alguém na linha
Se tem alguém no ar
Por favor responda agora
Não me faça esperar

Há uma certa urgência
Alô, informação?
Aqui sou eu sozinho
Do outro lado não sei

Instalei uma antena
E lancei um sinal
Nada no radar
Procuro no dial

Aviso aos navegantes
Tem mais alguém aí?
Só ouço o som da minha própria voz a repetir
S.O.S. Solidão.


Avohai

(Zé Ramalho)

Um velho Cruza a soleira de botas longas,
de barbas lonas, de ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava sua camisa e seu alfoge de caçador
O meu velho e invisível Avohai...
O meu velho e indivisível Avohai...

Neblina turva e brilhante em meu cérebro coágulo luz de sol
A manta matutina que transparente cortina ao meu redor
Se eu dizer que é bem sabido você diz que é bem pior
Mais e pior do que planeta quando perde o girassol

Levo terço de brilhante nos meus dedos de minha vó
E nunca mais eu tive medo da porteira,
nem também da companheira que nunca dormia só

Avohai Avohai Avohai

O brejo cruza a poeira de fato existe
um tom mais leve na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida, sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas, cabelos de Avohai

Na pedra de turmalina e no terreiro da usina eu me criei
Vou lavar de madrugada e na cratera condenada eu me calei
E se eu calei foi de tristeza você cala por calar
Mais e calado vai ficando só fala quando eu mandar
Rebuscando a consciência com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa,
girando na carrapeta no jogo de improvisar
Entrecortando eu sigo bem a linha reta
Eu tenho a palavra certa prá doutor não reclamar

Avohai Avohai Avohai Avohai


Axé, Babá

(Gilberto Gil)

Meu pai Oxalá
Dá-nos a luz do teu dia
De noite a estrela-guia
Da tua paz
Dentro de nós
Meu pai Oxalá
Dá-nos a felicidade
O pão da vitalidade
Do teu axé
Do teu amor
Do teu axé
Do teu amor
Ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô
Axé, babá
Ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô
Axé, babá
Ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô
Axé, babá
Ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô


Azul

(Djavan)

Eu não sei se vem de Deus
Do céu ficar azul
Ou virá dos olhos teus
Essa cor que azuleja o dia
Se acaso anoitecer
Do céu perder o azul
Entre o mar e o entardecer
Alga marinha vá na maresia
Visualizar
Buscar ali o cheiro de azul
Essa cor não sai de mim
Bate e fica a pé a sangue de rei

Até o sol nascer amarelinho
Queimando mansinho
Cedinho, cedinho, cedinho
Corre e vai dizer pro meu benzinho
Hum! Dizer assim: o amor é azulzinho


Azul da Cor do Mar

(Tim Maia)

Ah... se o mundo inteiro me pudesse ouvir
Tenho muito pra contar
Dizer que aprendi
Que na vida agente tem que aprender
Que um nasce pra sofrer
Enquanto o outro ri

Mas, quem sofre sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Sua razão para viver
Ver na vida algum motivo pra sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...

 
Rádio Pirata
Composição : Luiz Schiavon / Paulo Ricardo
Abordar navios mercantes
invadir, pilhar, tomar o que é nosso
pirataria nas ondas do rádio
havia alguma coisa errada com o rei
preparar a nossa invasão
e fazer justiça com as próprias mãos
dinamitar um paiol de bobagens
e navegar no mar da tranquilidade
toquem o meu coração
façam a revolução
está no ar: nas ondas do rádio
no submundo, repousa o repúdio
que deve despertar
disputar em cada frequência
um espaço nosso nessa decadência
canções de guerra, quem sabe canções do mar
canções de amor ao que vai vingar
toquem o meu coração
façam a revolução
está no ar: nas ondas do rádio
no submundo repousa o repúdio
toquem o meu coração
façam a revolução...




A Terceira Lâmina
Composição : Zé Ramalho
É aquela que fere
Que virá mais tranqüila
Com a fome do povo
Com pedaços da vida
Como a dura semente
Que se prende no fogo
De toda multidão
Acho bem mais
Do que pedras na mão...
Dos que vivem calados
Pendurados no tempo
Esquecendo os momentos
Na fundura do poço
Na garganta do fosso
Na voz de um cantador...
E virá como guerra
A terceira mensagem
Na cabeça do homem
Aflição e coragem
Afastado da terra
Ele pensa na fera
Que o começa a devorar...
Acho que os anos
Irão se passar
Com aquela certeza
Que teremos no olho
Novamente a idéia
De sairmos do poço
Da garganta do fosso
Na voz de um cantador...
E virá como guerra
A terceira mensagem
Na cabeça do homem
Aflição e coragem
Afastado da terra
Ele pensa na fera
Que o começa a devorar...
Acho que os anos
Irão se passar
Com aquela certeza
Que teremos no olho
Novamente a idéia
De sairmos do poço
Da garganta do fosso
Na voz de um cantador...
Heiá! Oh! Oh!
Heiá! Oooooooh!
Oh! Oh! Oh! Oh!

Nuvem de Lágrimas
Composição : Paulinho Rezende e Paulo Debétio
Há uma nuvem de lágrimas sobre meus olhos
Dizendo pra mim que você foi embora
E que não demora meu pranto rolar
Eu tenho feito de tudo pra me convencer
E provar que a vida é melhor sem você
Mas meu coração não se deixa enganar
Vivo inventando paixões pra fugir da saudade
Mas depois da cama a realidade
É só sua ausência doendo demais
Dá um vazio no peito, uma coisa ruim
O meu corpo querendo seu corpo em mim
Vou sobrevivendo num mundo sem paz
Ah...
Jeito triste de ter você
Longe dos olhos e dentro do meu coração
Me ensina a te esquecer
Ou venha logo e me tire dessa solidão

Refrão De Bolero (Acústico MTV)
Composição : Não sei
Eu que falei: "nem pensar"
Agora eu me arrependo
Roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão...
Mas eu que falei: "nem pensar"
Coração na mão
Como o refrão de bolero
Eu fui sincero
Como não se pode ser...
E um erro assim, tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira
Ele consegue nos achar...
Num bar
Com um vinho barato
Um cigarro no cinzeiro
E uma cara embriagada
No espelho do banheiro...
Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
O teu olhar sempre distante sempre me engana
Eu entro sempre na tua dança de cigana
Eu que falei: "nem pensar"
Agora eu me arrependo
Roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão...
Mas eu falei sem pensar
Coração na mão
Como o refrão de um bolero
Eu fui sincero, eu fui sincero...
Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
O teu olhar sempre me engana
É o fim do mundo todo dia da semana
Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
E o teu olhar sempre me engana
É o fim do mundo todo dia da semana

Adoro Amar Você
Composição : Peninha e Elias Muniz
Tá no meu paladar
Tá no meu olhar, olhando
Seu amor meu amor
Fica latejando em mim
Tá no meu coração
Na luz do luar, luando
Fui me entregando
Dessa vez me pegou
Nunca foi tão bom assim
Quando não tô legal
Se estou mal eu te chamo
Quando me sinto em paz
Eu te amo, te amo
Tô afim de ficar com você
Mais uns 200 anos
Venha cá menina
Vem dizer que me ama
Na vida, na morte, na dor e na cama
O meu corpo precisa do seu
E a minha alma te chama
Ah! Eu adoro amar você
Como eu te quero e eu jamais quis
Você me faz sonhar, me faz realizar
Me faz crescer, me faz feliz
O amor que existe entre nós dois
É tudo que eu sonhei prá mim
É mais do que paixão, é mais do que prazer
Amor que não tem fim!




Para Raul
Composição : Zé Ramalho
Depois que você se foi
A música não mais tocou
Aquele sentimento claro
Tão místico e simples que você passou pra mim, pra nós
Que somos fãs
Companheiros de luta
Do seu aniversário
Do sonho profundo que você plantou
E botou pra pensar
Cada cabeça maluca
E já que não vais nunca mais retornar
Da sua viagem ao cosmos do céu
Vais descobrir um novo amanhã
E em cada pedaço de recordação
Lembre do povo, da alma, irmão
Nao se esqueça de mim
Que sou seu fã
Que somos fãs
Companheiros de luta
Do seu aniversário
Do sonho profundo que você plantou
E botou pra pensar
Cada cabeça maluca
E já que não vais nunca mais retornar
Da sua viagem ao cosmos do céu
Vais descobrir um novo amanhã
E em cada pedaço de recordação
Lembre do povo, da alma, irmão
Nao se esqueça de mim
Que sou seu fã




Rio de Lagrimas
Composição : Lourival Siriano/ Piracy
O rio de piracicaba
Vai jogar água prá fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguem que chora
Quando chegar a água
Dos olhos de Alguem que chora
Lá no Bairro aonde eu moro
Só existe uma nascente
É a nascente dos meus olhos
Que formou água corrente
pertinho da minha casa
já virou uma lagoa
com lagrimas dos meus olhos
Por causa de uma pessoa
O rio de piracicaba
Vai jogar água prá fora
Quando Chegar a água
Dos Olhos de Alguem que chora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguem que chora.
Eu quero panhar uma rosa
Minha mão já não alcança
Eu choro desesperado
Igualzinho uma criança
Duvido alguem que não chore
Pela a dor de uma saudade
Eu quero ver quem não chora
Quando amar de verdade.















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