sábado, 9 de abril de 2011

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Educação de luto

Com pesar e tristeza escrevo sobre a tragédia ocorrida no dia 07 deste mês em uma das Unidades Escolar da Rede Municipal do Rio de Janeiro. Tragédia que deixou não só a nossa cidade mas todo o mundo perplexo diante de tanta crueldade e loucura de um rapaz que premeditadamente entra na escola, na posição de ex-aluno, não encontra dificuldade de se infiltrar no ambiente escolar e comete essa atrocidade.
Atos iguais a este é que nos faz refletir sobre a questão da violência que nos cerca não só nas ruas, mas em qualquer ambiente que estejamos e até mesmo dentro de nossos lares, que supostamente seria o local em que mais deveríamos nos sentir seguros.
A verdade é, não temos mais segurança e nem paz em lugar nenhum. Vivemos aterrorizados o tempo todo, mas sem nada poder fazer pois temos que continuar com nossa rotina diária. A todo momento estamos diante de fatos e acontecimentos que só nos faz cada vez mais temer pela integridade de nossas vidas. As notícias na tv, rádio, jornais e tantos outros meios de comunicação, só nos mostram atos de violência, desrespeito e violação dos nossos direitos.
A Constituição Brasileira, no artigo 5º, capítulo XV, nos garante o direito de "ir e vir", mas essa não é a nossa realidade nos nossos dias atuais. Cada vez mais nos sentimos prisioneiros em nossas próprias casas, nos cercando o tempo todo de meios e artifícios de segurança e mesmo assim nos sentimos desprotegidos e impotentes diante de tanta violência. Não basta tentarmos nos proteger apenas com medidas de segurança como camêras, grades, alarmes, vigilância particular e etc, se estamos expostos a um mundo louco e desordenado que faz com que as pessoas se confrotem e se agridam, se desrespeitem e até se matem, sem se darem conta do valor da vida, e por coisas banais e insignificantes.
A loucura não pode ser tratada como algo natural e que já faz parte do dia a dia, temos que nos preocupar com o que estamos fazendo com nossas vidas. O estresse, a rotina, os compromissos, responsabilidades, problemas, horários a cumprir, má alimentação, sono irregular, falta de lazer, distanciamento da família e amigos...enfim...temos que repensar sobre nossas prioridades...o que estamos fazendo com nossas vidas?
Essa loucura que vivemos todos os dias, uma rotina exaustiva que nos deixa estressados, fadigados, nervosos, angustiados e muitas vezes infelizes, vai nos tirando a lucidez e a razão de quem somos, o que queremos, o que sentimos, onde estamos e qual o nosso propósito aqui nessa vida.
Fico me perguntando por que as pessoas se distanciam tanto umas das outras, as vezes da própria família?, por que não existe mais tempo para nada?, o dia tem 24 horas e parece que nunca é o suficiente para atender todas as nossas responsabilidades. Será que em pleno século XXI, em meio a tanta tecnologia, a mídia sempre presente e tanta informatização,esquecemos que somos "seres humanos", que de acordo com o dicionário do Aurélio, significa sensível à piedade, compassivo, mostrar-se humano com seus semelhantes ?
O que vemos dia a dia, são discórdias, conflitos, brigas, discussões, ofensas, agressões, desrespeito, violência há quatro cantos...não existe mais a virtude da paciência, da tolerância, da generosidade, do perdão...estamos muito mais preocupados com nós mesmos e não percebemos mais quem está ao nosso redor, quem está próximo, quem espera um pouco da nossa atenção. Um simples ato de saudar aquele vizinho que mora há anos ao seu lado, com apenas um "bom dia", ao cruzar com ele no elevador, na portaria, na rua...não seria muito mais valioso e gratificante, do que passar por ele durante dias, meses e até anos, sem se que saber o seu nome?
Algo que me preocupa bastante e me faz pensar, e imaginar quantos e quantos Wellington da vida já cruzou meu caminho, passou ao meu lado ou  fez parte dos ambientes que posso ter frequentado? E quando falo "eu", me refiro as "minhas filhas", "seus filhos", "meus parentes e amigos", "seus parentes e amigos"...me refiro a nós, a qualquer um de nós...estamos expostos o tempo todo...e muitas das vezes não temos tempo para reparar e perceber que alguém está enlouquecendo.
É triste, é trágico, mas é verdade...estamos num mundo louco, com uma vida louca e cada vez mais próximos da loucura.
E só quando nos deparamos com uma tragédia a esse nível, e que afeta diretamente a nós, pois poderia ter sido com nossa família, é que nos damos conta que, algo está errado. Faltou segurança na escola? Foi negligência da escola? A culpa é das nossas políticas públicas? Falta rigor e disciplina na nossa polícia? Não existe seriedade e competência nos nossos representantes dos governos? Nossas leis são inoperantes e ineficientes? ou estamos completamente alheios e ignoramos a todo e qualquer sofrimento diante de nós?
O que aconteceu é mais uma entre tantas e tantas tragédias que acontecem no mundo inteiro, de diferentes gêneros, mas que estão presentes no dia a dia das pessoas em diferentes partes do mundo e que lamentavelmente envolve atos de destruição e sofrimento entre os seres humanos que são movidos pelos sentimentos de ódio, mágoas, rancor, vingança e loucura.
Está faltando amor, respeito e humanidade.
Está faltando Deus nos corações das pessoas.
O egoísmo, a vaidade, o orgulho, a ganância , o despotismo...tornam as pessoas cruéis, desumanas, e destruidoras, separando assim cada vez mais o ser humano um do outro, fazendo-o o esquecer do amor ao seu próximo e que estamos aqui apenas de passagem, por isso deveríamos valorizar mais os sentimentos bons e nos tornarmos pessoas melhores.

Sônia Maximo




















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